"Vós sois o sal da terra; se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; nada se pode esconder numa cidade edificada sobre o monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai, que está nos céus." (Mateus 5:13-16)
O que acabamos de ler é um trecho do Sermão da Montanha.
Jesus tinha subido ao topo de um monte e uma multidão se aproximou dele e ele começou a ensiná-la.
Num certo momento Jesus fala: Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo.
Começo falando sobre a ser luz do mundo.
Quando falamos em luz, vem em nossas mentes que a luz serve para iluminar o ambiente, para clarear, para acabar com a escuridão.
Como exemplo de luz podemos pegar o sol. Se você já estudou ou leu alguma coisa sobre o universo, você sabe que o universo é escuro e se não fosse o sol nós viveríamos numa noite sem fim.
Podemos pegar, também, como exemplo a lâmpada elétrica que usamos em nossas casas, nas ruas da cidade etc.
Não sei se você notou, mas há algo em comum nos exemplos que eu dei. Há algo semelhante entre eles.
O sol está no céu, está afastado de nós. Ele não está em contato conosco e projeta sua luz em nós; a lâmpada, nós a colocamos no teto ou em algum lugar afastado de nós para que ilumine nosso ambiente, ou seja, eles não interagem com o ambiente, eles não se envolvem com as coisas que são iluminadas.
Não estou aqui falando da importância da luz, do que a luz do sol faz com os seres vivos, eu estou falando da luz em si e que é projetada somente.
Mesmo que estejamos com uma lanterna na mão e a movimentamos, a luz dela irá clarear aonde apontarmos, se a deixarmos parada, ela ficará parada.
Trazendo para a nossa realidade o exemplo que Jesus falou, podemos entender que quando nós somos luz, nós não estamos interagindo com as pessoas, nós não estamos envolvidos com a sociedade.
Por exemplo: você está passando na rua e alguém te vê e esse alguém aponta para você e diz: "taí, uma pessoa honesta!".
Vocês não tiveram nenhum contato, a pessoa só viu você passar e já veio um sentimento nela de que você é honesto(a), é justo(a).
Isso é ser luz do mundo. É projetar nossa justiça, a nossa retidão para a sociedade sem interagir com ela.
Onde estivermos, seja em nosso trabalho, com nossos familiares, com nossos amigos, sempre haverá alguém nos observando sem que nós saibamos. Para esse que nos observa estamos sendo luz.
O sermos luz do mundo está ligado á nossa vida espiritual. É em nossa vida espiritual que interagimos com Deus, que entramos em contato com Deus. É a nossa intimidade com Deus que faz com que projetamos luz para o mundo.
A nossa interação, nosso envolvimento não é com as pessoas e sim com Deus e quanto mais entramos na presença dele, quanto mais íntimos de Deus ficamos, maior é a luz que projetamos na sociedade. Maior será nossa honestidade, maior será nossa justiça, maior será nossa retidão.
Imagine alguém que vive uma vida errada e se converte aos ensinamentos de Jesus. Ele sairá dessa vida errada e aqueles que estavam e ficaram na mesma vida que ele se perguntarão: o que aconteceu, o cara simplesmente deixou tudo e agora vive diferente.
Aquele que saiu mostrou mudança, a luz dele já foi projetada nos que ficaram.
Agora vamos falar um pouco sobre ser sal da terra.
Quando falamos em sal vem em nossas mentes que ele serve para temperar. Colocamos o sal na comida e ela adquire o sabor.
Antes de existirem as geladeiras, o sal era usado para conservar alimentos. Se colocarmos sal na carne poderemos conservá-la fora da geladeira por uns bons dias. E na época de Jesus não existia geladeiras, então o sal servia para conservar alimentos também.
Então, podemos ver o sal de duas formas: o sal como tempero e o sal como conservante.
Aqui podemos notar uma diferença entre sal e luz: o ser luz seu envolvimento é com Deus e não com as pessoas, já o ser sal seu envolvimento é com as pessoas, é com a sociedade.
O sal só vai ser sal quando ele interagir com a comida, quando ele temperar a comida, caso contrário ele não surtirá efeito.
Se colocarmos sal num pote de vidro e escrevermos no pote o nome açúcar, quem não sabe que ali tem sal dificilmente conseguirá distinguir. Para saber se é sal ou não terá que ter o contato com ele. Então, nós sermos sal é nós interagirmos com a sociedade.
Como eu disse, tem o sal que tempera e o sal que conserva.
Nós somos o sal que tempera quando exercemos nossa justiça na sociedade, no mundo.
Por exemplo: quando fazemos um negócio com alguém, fazemos com que os dois lados ganhem, não temos a intenção de passar o outro para trás, de nos darmos bem enquanto o outro se prejudica.
O que se ouve muito na sociedade é aquela história de que temos que nos dar bem, "furar os zóios do outro". Somos sal quando agimos diferente, quando agimos de uma maneira em que haja justiça e honestidade.
Quando levamos uma palavra de conforto, de ânimo para alguém.
Quando visitamos uma pessoa que está enferma.
Ser sal que conserva. Quando ocorre isso?
Somos sal que conserva quando intercedemos pelas pessoas, pelos nossos familiares etc.
A oração toca o coração de Deus. E eu acredito que o mundo ainda não acabou e ainda não está pior, porque ainda tem gente orando para que Deus salve mais pessoas.
Então, quando você ora por alguém que está vivendo uma vida tortuosa, que está indo praticamente para o abismo, Deus ouve sua oração e conserva a vida dessa pessoa para que ela tenha a oportunidade de se arrepender e converter seu caminho para outra direção.
Quando estamos em nossas casas, na igreja ou em algum outro lugar intercedendo pelas famílias de nossa cidade, pelos nossos entes queridos, quando oramos para que Deus transforme a vida das pessoas de nossa nação estamos sendo sal que conserva.
Um exemplo que pode resumir isso é o seguinte: imagine que você está em um mercado e está no caixa para pagar suas compras. Do seu lado há uma pessoa que também irá passar no caixa e está esperando você passar.
Você paga suas compras e a pessoa do caixa, ao passar o troco, lhe dá dinheiro a mais. Você percebe e devolve o que veio a mais.
A pessoa que ainda irá passar no caixa, que não estava no contexto, que observava sua atitude diz: ainda tem gente honesta nesse mundo.
Você está sendo luz para ela.
O caixa que teve contato com você fica agradecido por você ser honesto e ter devolvido o dinheiro, pois caso contrário, ele teria que pagar do próprio bolso. Aqui você está sendo sal que tempera.
Então, você vai para sua casa e ora por essas duas pessoas. Deus conservará essas pessoas e preparará um dia em que elas terão a oportunidade de serem transformadas por ele e serem salvas. Você está sendo sal que conserva.
Temos que ter em mente também que nós somos seres influenciáveis e influenciadores. Nós somos influenciados pelas pessoas e influenciamos as pessoas.
Nós somos influenciados pelo que vemos e ouvimos.
A questão é: o que tem entrado pelos nossos olhos? O que andamos assistindo na TV? O que temos acessado na internet?
Não estou dizendo aqui que a televisão e a internet são ruins. Pelo contrário, eu gosto de assistir filmes, de acessar a internet.
Pela internet você tem acesso a pregações incríveis da Palavra de Deus, você, de onde estiver pode evangelizar alguém que está há quilômetros e quilômetros de distância.
Para quem estuda, a internet é uma mão na roda. Você encontra tudo explicadinho. Até vídeos de professores explicando o assunto você encontra.
Então, o problema não é o veículo e sim o conteúdo.
Como o apóstolo Paulo disse certa vez: "tudo me é permitido, mas nem tudo convém" (1 Coríntios 6:12).
Devemos fazer uma seleção daquilo que deve entrar em nossas vidas.
Imaginem um copo. Através desse copo podemos beber água, suco e matar nossa sede, mas podemos colocar bebida alcoólica e embebedarmos. O que casou algum efeito em nós não foi o copo e sim o conteúdo que estava no copo.
nós somos os responsáveis pelo que colocamos no copo.
O que ouvimos também nos influencia.
A música mexe muito com a gente.
Certa vez um líder americano, não lembro o nome dele, estava conversando e alguém disse a ele: tenho receio de quem faz as leis neste país. Esse líder disse: eu tenho receio de quem faz as letras das músicas.
A música tem um grande poder. Não foi à toa que muitos músicos e compositores foram expulsos do Brasil na época do regime militar, pois eles poderiam influenciar o povo a uma revolução.
Devemos vigiar o que entra pelos nossos olhos e ouvidos buscando sempre a edificação e a melhora do nosso ser.
O apóstolo Paulo escreve aos filipenses dizendo: " tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe vosso pensamento" (Filipenses 4:8).
Aí está a receita do bolo.
Assim como somos influenciados, nós podemos influenciar outras pessoas.
A questão é: que tipo de influência estamos exercendo sobre as pessoas? É boa ou ruim?
Aqui devemos vigiar também para o tipo de influência que estamos exercendo sobre a sociedade. Que tipo de palavra sai de nossas bocas? São palavras que trazem ânimo, que motivam, que levam as pessoas para mais próximo de Deus, ou as empurramos abismo abaixo?
Que tipo de atitude e comportamento estamos tendo com o nosso próximo?
O ser sal e luz é exatamente isto: exercer influência sobre as pessoas. E pelo contexto de Jesus, essa influência deve ser boa. E Jesus não disse que devemos ser ou que temos ser sal e luz, ele disse que somos sal e luz.
Para concluir, vamos fazer uma revisãozinha.
Ser luz do mundo é o nosso relacionamento com Deus, temos contato com Deus e não com a sociedade, mas nossa justiça é projetada para a sociedade. É como se Deus fosse o sol e nós a lua. A glória de Deus brilha em nós e nós a refletimos para o mundo.
Ser sal da terra pode ser de duas maneiras: sal que tempera, quando executamos nossa justiça, agimos com honestidade; sal que conserva, quando intercedemos pelas pessoas apresentando-as a Deus e Deus as conserva para ele.
Somos influenciáveis e influenciadores.
O que deve nos influenciar são coisas que nos edificam e a partir daí influenciaremos quem está ao nosso redor com coisas que também edificam.
Nós passamos para as pessoas o que somos.
Jesus certa vez disse: "a boca fala do que está cheio o coração" (Mateus 12:34).
Deixo uma pergunta a você: do que está cheio o seu coração?
Alberto B. Ramos